quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Pouso do Chico Rei - Ouro Preto

O Pouso do Chico Rei é recomendado pelo guia 4 rodas: É uma das pousadas mais antigas de Ouro Preto e, já hospedou personalidades como, Vinicius de Moraes, Pablo Neruda e Simone de Beauvoir. A maioria dos quartos fica na casa principal, do século 18; três unidades, mais baratas, dividem um banheiro e, há outras três unidades mais espaçosas em ala anexa, com  acesso externo. Hoje é a queridinha dos estrangeiros que adoram os ambientes com jeitão de casa e o atendimento personalizado dos donos. Conhecida como: Pouso do Chico Rei, pousada da História, morada das Artes, por possuir um valor histórico e cultural no maior acervo arquitetônico barroco do mundo, inserida no trajeto Museu Aberto Cidade Viva. Seus quartos recebem o nome de um de seus hóspedes: 1 – Vinicius de Moraes, 2 – Scliar, 3 – Burle Max, 4 – Guignard, 5 – Jorge Amado, 6 – Pablo Neruda, 7 – Lili e Ninita, 8 – Elizabeth Bishop, 9 – Maysa.
A pousada está localizada no coração da cidade, numa rua tranqüila, mas dentro do centro cultural e gastronômico, a dois minutos da Praça Tiradentes, permitindo fácil acesso, à pé, a todas as mais importantes atrações da cidade, e a 7 minutos a pé do centro de convenções. 

A HISTÓRIA
O Pouso do Chico Rei está instalado em magnífico solar da Rua do Carmo, ou Rua Brigadeiro Musqueira, como assinala a placa, em referência a uma personalidade local do século XIX. Ao seu lado se acha a Casa da Ópera de Vila Rica, o mais antigo teatro em atividade nas Américas, inaugurado que foi em 6 de junho de 1770, pelo contratador do ouro João de Sousa Lisboa. Ao pé da Capela de Nossa Senhora do Monte do Carmo, erguida pelo arquiteto e mestre carapina português Manuel Francisco Lisboa e embelezada por seu filho, Antônio Francisco, o genial Aleijadinho, o Pouso reina sobre bela e envolvente paisagem. Na moldura das montanhas, um chalé do Oitocentos e a ladeira do Carmo completam o cenário. A dois minutos da Praça Tiradentes, ele se encontra no coração da cidade monumento.
Em 1953, a dinamarquesa Lili Ebba Henriette Correia de Araújo (1907-2006), viúva do pintor pernambucano Pedro Correia de Araújo (1881-1953), decidiu fixar-se em Ouro Preto. Seu marido adorava passar temporadas na velha Capital mineira, desenhando e pintando no atelier mantido no casarão por ele comprado nas Lajes, o chamado Solar dos Motta, que havia pertencido ao Visconde de Caeté, primeiro presidente da Província de Minas, e ao Barão de Saramenha.
Associada à pintora Ninita Moutinho (1915-1989), do Rio de Janeiro, Dona Lili resolveu comprar o belo sobrado que o arquiteto e historiador Sylvio de Vasconcellos tinha acabado de restaurar junto ao Teatro de Ouro Preto. Elas imaginaram abrir um pequeno hotel, com móveis de época e objetos de arte, além de um restaurante e um antiquário, para acolher o público sofisticado que começava a se interessar por Ouro Preto, além da legião de intelectuais que, desde a década de 20, instigada pelos primeiros modernistas, passara a peregrinar em Ouro Preto.
Uma escola de bom gosto
O mobiliário criteriosamente escolhido, entre o melhor que os antiquários então esbanjavam, peças selecionadas do artesanato local, flores, obras de arte e requinte na anfitrionagem fizeram de imediato do Chico Rei uma legenda. Mais do que um pouso, Lili e Ninita criaram uma escola de bom gosto. As habilidades admiráveis da dinamarquesa, exímia na bricolagem e no preparo de pratos rápidos e surpreendentes, e a descontração da carioca, dona de singular humour, ensinaram a Ouro Preto o verdadeiro charme das pousadas e do ambiente histórico, despertando a cidade para as potencialidades do turismo.
O grande pintor Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) amava o Pouso e ornamentou as portas de um grande armário de canto, na sala de jantar, nelas pintando os nomes de Lili e Ninita. Vinícius de Moraes compôs um poema para exaltar as maravilhas do Chico Rei. Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir ali chegaram, com Zélia e Jorge Amado. O pintor Carlos Scliar, em suas temporadas na cidade, gostava de jogar cartas com D. Lili, na copinha do Pouso. A poeta norte-americana Elisabeth Bishop (1911-1979) ia tomar chá e falar do restauro de sua residência nas Lajes, a Casa Mariana, inteiramente promovido por Lili.
D. Graciema e Rodrigo Mello Franco de Andrade, vizinhos, freqüentaram a casa. O secretário americano Henry Kissinger e o ministro francês Jack Lange se hospedaram no Pouso.
Cida Zurlo, professora de Botânica da Escola de Farmácia da UFOP, diz que Lili sabia tudo: pintura, culinária, marcenaria, restauração, decoração. De suas mãos saíam sempre criações inigualáveis, recorda.
De Paris a Ouro Preto
Nascida na Dinamarca, Lili deixou Copenhague muito jovem, a fim de estudar pintura em Paris. Por indicação de amigos, foi tomar aulas com o pintor brasileiro Pedro Correia de Araújo, em seu atelier da Rue Campagne Première, em Montparnasse. Pedro residia em Paris desde a proclamação da República no Brasil (1889), porque seus pais, nobres pernambucanos, se auto-exilaram na França, acompanhando a Princesa Isabel e o Conde d’Eu em seu banimento. Amigo de Henri Matisse, o pintor brasileiro vivia intensamente o ambiente artístico de Paris e era reconhecido pela qualidade de sua obra.
Lili e Pedro se casaram em 1929 e resolveram se transferir para o Brasil. Passaram por Recife e se radicaram no Rio de Janeiro. O casal teve dois filhos: o escultor Pedro e o paisagista Luís. Logo, o pintor começou a participar das rodas de artistas plásticos e intelectuais, integrando-se na vertente carioca do movimento modernista. Também em 1929 voltaram ao Brasil Guignard e Roberto Burle Marx, que haviam estudado na Alemanha. O pintor Cândido Portinari e o poeta Murilo Mendes tinham papel importante no Rio da época.
Pedro Correia de Araújo dedicou-se às paisagens montanhosas e florestais do Rio de Janeiro, sobretudo concentrado na figura feminina, grande tema de sua obra. Sem comercializar os desenhos e óleos, ele acumulava a produção e administrava a herança familiar como fonte inesgotável de renda.
Foi assim que adquiriu o casarão das Lajes, em Ouro Preto, que faria Lili Correia de Araújo mudar-se para a cidade, após seu falecimento. Residindo nas Lajes, ela fez do Pouso do Chico Rei a primeira pousada do circuito histórico de Minas e um exemplo que, mais de meio século depois, permanece vivo nas mãos de seu neto Ricardo Correia de Araújo, atual dirigente do Chico Rei.

Um nobre africano em Vila Rica
Lili e Ninita escolheram o nome do legendário príncipe africano escravizado para o pouso inaugurado na antiga Vila Rica. Segundo a tradição, amparada por documentos setecentistas, como livros de irmandades estudados pelo historiador norte-americano Donald Ramos (Universidade de Cleveland, Ohio, EUA), Chico Rei era um chefe africano escravizado após guerras tribais e vendido, com seus familiares, para o Brasil. Ele e a família foram comprados por um senhor de escravos de Vila Rica e tiveram a sorte de não se dispersar.
Trabalhando intensamente e economizando ouro, nos cabelos frisados e nas unhas, Chico Rei teve meios para comprar a carta de alforria do filho e, em seguida, a sua própria liberdade. Depois, cuidou de libertar os familiares e chegou a ter a sua mina, que o tornou um homem rico. Essa mina pode ser visitada, no bairro de Antônio Dias, logo depois da Ponte do Palácio Velho da Encardideira.
O rei negro participou da construção da Capela de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia do Alto da Cruz. Ele comparecia às solenidades religiosas ricamente vestido, acompanhado em cortejo pelos familiares. Remonta a esse costume o desfile dos congados, que os africanos e afro-descendentes passaram a realizar em momentos festivos e nas celebrações do Rosário.
Fonte: http://www.pousodochicorei.com.br/index.html

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