domingo, 8 de outubro de 2017

Dias cinzentos (parte 1): A grande desilusão!

Escreverei enquanto tenho os acontecimentos vivos em minhas lembranças. Hoje sei que posso escrever. Graças a Deus, e ao tempo essas lembranças não machucam mais. Também não pensem que sou masoquista por querer escrever sobre isso. Quero deixar registrado, porque foram momentos importantes de minha vida. Fiquei muito ferida, muito magoada, porém, após eles eu renasci. E começou um novo capítulo em minha vida. Foi difícil, mas consegui virar a página. Mas antes dela ser virada muita coisa aconteceu...

A grande desilusão aconteceu em um Domingo do final do mês de Julho de 2006. Eu já vinha reparando que o Rubens andava distante. Fazendo coisas que não fazia sozinho. Ele era um marido que onde ia queria que eu o acompanhasse. Nas lojas de auto peças. Nas retíficas. Nas festinhas dos amigos. Nós éramos um exemplo de casal e de família. Estávamos sempre juntos em todos os lugares.
Então de uns meses para cá ele já não fazia questão da minha presença. Ou de me levar junto. Também percebi que ele falava demais na Kátia, que era a irmã do patrão dele. Eu também estava reparando em algumas atitudes dele, ou acontecimentos que começaram a me deixar desconfiada. Eis alguns de que me lembro:
Em outubro do ano anterior, acho que um dia após o aniversário dele, ele passou em casa uma tarde e pegou um pedaço de bolo para levar para a Kátia.
Outro dia ele pegou um CD meu do Bee Gees e fez uma cópia para ela, porque disse que ela gostava muito do Bee Gees. Lembro que fiquei chateada porque a gente já tinha 17 anos de casados e, não sei se ele sabia bem do que eu gostava.
Outro episódio também que foi me deixando desconfiada foi o casamento de alguém do trabalho deles. O Rubens simplesmente me disse que ia no casamento, que foi em uma sexta-feira. Sinceramente eu não lembro se ele me convidou. O que lembro é que ele chegou do trabalho, tomou banho, se arrumou e a Kátia passou em casa para pegar ele para irem ao casamento. A Kátia morava duas quadras atrás da nossa casa.
Teve uma noite que a gente já estava dormindo. Ou quase. Era tarde. Talvez madrugada! Não me recordo se era uma sexta, ou sábado. O que lembro é que o celular dele tocou e eu ouvi que era voz de mulher. Ele ficou bem desconcertado. Era a Kátia que estava na rua, com o carro quebrado e ligou para ele ir socorrer ela. Ele se desculpou e falou que não ia dar para ir. É claro que esse telefonema gerou mais desconfiança da minha parte. Até porque eu percebia que certos acontecimentos que envolviam a Kátia deixavam ele sem rumo.
O último acontecimento antes do domingo que mencionei no início, foi a festinha de aniversário da sobrinha da Kátia. Foi em um buffet. Como eu já andava desconfiada e chateada, não quis ir. O Rubens não insistiu. Pegou nossos filhos e foi. Saiu bem antes do horário de início da festa e voltou bem tarde. Lembro de ter brigado com ele, dizendo que ele devia ter sido o primeiro a chegar na festa e o último a sair. Nesse dia eu percebi ele bastante diferente. Meio hipnotizado. Talvez seduzido. Nesse dia, ou nos seguintes, as crianças me disseram que a Kátia tinha dançado na festinha. Ela era dançarina de “dança do ventre”.
E durante esses meses, o Rubens passou a andar com o celular “a tira colo”. Tinha colocado um toque musical romântico - “So beautiful” do Chris de Burgh. Coisa de quem está apaixonado. Tudo que estava acontecendo eram somente coincidências? Ou sinais? Ou simples implicância minha? 
Então nesse Domingo, do final do mês de Julho, o Rubens estava mais distante do que qualquer outro dia. Eu comecei a pressionar ele. Disse que algo estava acontecendo e eu tinha o direito de saber o que era. Que ele andava distante e comecei a narrar todos os acontecimentos que descrevi acima. Queria que ele me dissesse se minha desconfiança era besteira, ou se tinha fundamento. E foi em meio a lágrimas que ele me disse que estava apaixonado pela Kátia. E que era recíproco. Ou seja, eles já tinham declarado o amor que sentiam um pelo outro. O único problema era eu. Ele ainda me disse que, como ela me conhecia, disse que não queria ser amante dele. Sendo assim, ele teria que tomar uma decisão. E ele disse que era o que não conseguia fazer.
Eu liguei para a minha irmã Adriana e pedi para ela ir me pegar em casa. Como eu conversava muito com ela, já tinha contado sobre os últimos acontecimentos. Não precisei dizer muita coisa quando liguei. No fundo, acho que ela já sabia o que estava acontecendo. Só deixou que eu descobrisse. Nesse meio tempo, minha ex-sogra – que morava na frente – foi em casa e disse que se alguém tinha que sair de casa era o Rubens. E não eu, e as crianças. Ah, mas eu não ia conseguir ficar ali. Sabia que ele ia ficar ali na frente. E ia doer demais ver ele chegando em casa, se arrumando e saindo para aproveitar a liberdade enquanto eu ficava ali no fundo com os três filhos. Seria demais para mim! E entre lágrimas, o coração doendo demais, peguei os filhos e o bichinho de estimação e fomos para a casa da Adriana e Henrique.
Chegamos na Adriana, meus irmãos e irmãs foram para lá. Minha mãe também. O que lembro: Eu chorando, aos soluços, no colo da minha mãe. E do meu irmão Marcos ungindo minha testa com óleo bento. E esse longo dia terminou, mas... Outros piores virão!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá. Ficarei muito feliz com seu comentário. Só peço que coloque seu nome para que eu possa responder, caso necessário. Obrigada!